terça-feira, 15 de abril de 2008

Insônia nos idosos - Ação dos Hipnóticos



O sono é importante para a saúde e qualidade de vida (veja fisiologia do sono). Alguns estudos relatam que passamos dois terço de nossa vida dormindo, e calcula-se que 14% das pessoas sofrem de algum transtorno do sono. A insônia é um dos sintomas mais freqüente no idoso, esse transtorno aumenta conforme a idade se avança. Vários fatores podem ser considerados como causa para este distúrbio como: problemas fisiológicos, doenças médicas e psiquiatra (como hipertensão, depressão e o uso indevido de alguns medicamentos), problemas sociais (mudanças nas rotinas de atividade, hábitos como sono e vigília).
O idoso com insônia tende a sofrer mais acidentes. Para tratar a insônia em curto prazo, os hipnóticos são apropriados. Porém, os hipnóticos, são drogas que devem ser utilizadas como último recurso para a insônia, pois são potencialmente perigosas (veja riscos do uso dos hipnóticos). Portanto vale lembrar que a insônia é apenas um sintoma e não uma doença em si.
Quando pretendemos utilizar um determinado medicamento devemos conhecer sua farmacocinética e a farmacodinâmica
1. Farmacocinética - A farmacocinética destes fármacos é de grande relevância, pois as intensidades que os mesmos atingem o seu sítio de ação específico são rápidas. A absorção, distribuição, biotransformação e eliminação destas drogas, não teria nenhuma influência no metabolismo, quando aplicada em um indivíduo jovem, sem alguma doença crônica. Já, no idoso, em conseqüência do processo de envelhecimento, ocorrem várias modificações na disponibilidade da droga, levando um aumento na resposta do órgão efetor. O idoso sofre uma diminuição da massa muscular e água corporal, diante deste processo, o metabolismo hepático, homeostático,e a capacidade de filtração e de excreção renal, fica comprometido. Portanto, os idosos são mais susceptíveis a se intoxicarem com o uso destas medicações.
2. Farmacodinâmica - Para diminuirmos os riscos do uso dos hipnóticos é muito importante conhecermos os mecanismos de ação destes fármacos, entendendo como ocorre estes interagem com os receptores neurais.
Receptores celulares envolvidos na neurotransmissão - Os principais tipos de receptores celulares envolvidos na neurotransmissão são os ligados aos canais iônicos e os ligados aos sistemas de segundos mensageiros das proteínas G.
Receptores ligados aos canais iônicos - Esses receptores agem por meio de alterações de polaridade da membrana por trânsito de íons entre o exterior e o interior da célula, e vice-versa. Exemplo é o receptor GABA, que possui um canal de cloro.
Receptores ligados as proteínas G - Os receptores ligados as proteinas G exercem sua função por meio de mensageiros intracelulares, que poderão atuar em nível citoplasmático por meio da fosforilação de enzimas e alteração de sua atividade ou pela mobilização de estoques intracelulares de cálcio, que pode atuar como segundo mensageiro ou alterar a polaridade da célula e facilitar sua despolarização, já que possui carga positiva.
Outras ações dependem da difusão dos mensageiros intracelulares para o núcleo da célula ou da ativação de fatores de transcrição, e conseqüentes alterações da expressão genética neuronal. Por este motivo as drogas que exercem sua ação direta ou indiretamente por meio de receptores ligados às proteinas G possuem efeitos terapêuticos mais lento.
Tipos de hipnóticos
Os hipnóticos também são classificados como ansiolíticos.Ao tratarmos ansiolíticos podemos dizer que há ansiolíticos benzodiazepínicos e ansiolíticos não benzodiazepínicos.Os benzodiazepínicos (BDZ), causam mais reações adversas psicomotoras durante o dia, do que os não benzodiazepínicos (NBDZ).
Benzodiazepínicos - Os benzodiazepínicos agem por meio da alteração da permeabilidade dos canais iônicos, com efeito quase imediato. A administração de benzodiazepínicos facilita a entrada de íons cloro (receptor GABA tem canal de cloro), de carga negativa, no interior da célula, que se torna hiperpolarizada e menos excitável imediatamente. Este é o fundamento da pronta ação ansiolítica dos benzodiazepínicos.
Cuidados no uso - Os idosos ao usarem estas medicações devem ter um acompanhamento médico constante, pois os usos destas drogas podem desenvolver uma dependência, confusão, má coordenação, respiração lenta. O uso destes fármacos pode fazer com que o indivíduo sinta deprimido e ansioso, alguns apresentam até a perda de memória. Com isso o idoso pode ficar com expressão de dementes, a fala é lentificada, dificuldade de pensar e compreender os outros, diante dessas reações as quedas nos idosos, torna-se mais freqüente.Na medida geral esses transtornos são mais graves, quando as dosagens dos medicamentos são de altas, e o rompimento destes fármacos pode causar abstinência grave nas primeiras 12 a 20 horas, o indivíduo pode ficar nervoso, inquieto e enfraquecido.
Referências:
Guyton. Arthur. C; Fisiologia Humana e Mecanismo de Doenças, 6º ed; editora Guanabara, ano 1997; pág 438-440.
Coutinho. F.L, Texto sobre envelhecimento. Avaliação do Impacto da Intervenção Geriátrica na prescrição do Idoso, V.7, Nº 2. Rio de Janeiro. 2007.
Mamano MS - Ritmo circadiano e o sono nos idosos [on line]
Duthie Jr Edmund H. Duthie Jr; Katz, Paul R. Geriatria Prática. Sono nos idosos. 3ª edição, Rio de Janeiro: Editora Revinter, 2002, pág.230-236.
Martinez, Denis (2006) Os cuidados com o sono.[on line]
Poyares, Dalva et.al.(2003). I Consenso Brasileiro de Insônia. [on line]

Disponível em:
http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/12/01/saude-geriatria/insonia-nos-idosos-acao-dos-hipnoticos/



Como foi dito que "a insônia é um sintoma e não uma doença", não tende a ser nescessário o uso de medicamentos para eliminá-la, pois acredito que com um bom médico, exercícios físicos, boa alimentação e uma qualidade de vida adequada, é possível obter melhoras no padrão de sono sem ser nescessário o uso destes medicamentos que podem ocasionar algumas consequências a saúde.

Um comentário:

Patrícia Valim Presotto disse...

A insônia afeta milhares de pessoas devido à problemas diversificados.É muito importante um hábito de vida saudável para evitar um tratamento com hipnóticos.Estes são fortes e podem causar dependência.